terça-feira, 20 de setembro de 2011

Educação a distância avança, mas é preciso cuidado na escolha


O mais recente Censo da Educação Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que, nos últimos dez anos, o número de matriculados em cursos de graduação a distância aumentou em mais de 15.000%. No ano 2000, havia 5.287 inscritos em todo o Brasil. Em 2009, esse número pulou para 838.125, uma trajetória histórica dos números de matrículas no EAD.
Apesar da educação a distância (EAD) em cursos de graduação ser um processo relativamente novo no Brasil, o ensinamento à distância é considerado uma modalidade antiga de educação. Para a professora de Educação, Comunicação e Tecnologia do campus Sorocaba da Universidade de São Carlos (Ufscar), Teresa Melo, que estudou o ensino semipresencial para a tese de doutorado em Ciências da Comunicação, as cartas bíblicas do apóstolo São Paulo foram os primeiros registros de educação a distância. “O objetivo das cartas era passar uma mensagem, um ensinamento. Aquilo já era educação a distância”, defende.
Com o passar dos anos, os mais variados meios para passar as mensagens foram utilizados, desde correios, rádio e televisão. Quando surge a internet e os meios digitais, as oportunidades de cursos à distâncias explodem. “O Instituto Universal Brasileiro sobreviveu tanto tempo e durante décadas formou tantos técnicos sem internet. Hoje ele se adaptou e também usa plataformas digitais.”
Teresa acredita que, com a internet, a educação a distância muda de status. “Antes, quem fazia não era valorizado. Hoje, as pessoas acham bacana fazer um curso a distância. Mas, embora o ensino a distância seja antigo, os meios de transmiti-lo são novos e mudam o tempo todo. Cada vez que a tecnologia evolui, mudam as possibilidades.”
Educação democrática
Para a especialista, não se trata de roubar o espaço dos cursos presenciais tradicionais. A educação a distância é uma alternativa e complementa a educação presencial tradicional. “Eu prefiro acreditar que todas as tecnologias digitais venham somar e não substituir”.
Com o universo de cursos à distância, a educação fica mais democrática, com a possibilidade de chegar a pessoas que não teriam chance de outra maneira. “É uma educação cidadã. Além da qualidade, é necessário trazer com ela a possibilidade de reflexão, de inserção social, de seriedade.”
E não são apenas as distâncias que são flexibilizadas. Além do espaço, os cursos trazem flexibilidade de horário, um bem cada vez mais precioso na sociedade contemporânea. “Isso dá oportunidade para muita gente que não teria oportunidade de estar presente num curso desses. Só isso já é um grande fator positivo.”
Problemas
Os mesmos problemas encontrados no ensino presencial também são os que afetam a qualidade dos cursos a distância. Teresa afirma que, independente da modalidade, o que importa é a seriedade com que a atividade educacional é encarada. “Uma visão equivocada da educação, falta de seriedade, mercantilização e massificação do ensino são os piores. Mas isso, qualquer curso em qualquer instituição, ensinado por qualquer modalidade, pode ser muito bom ou pode ser uma arapuca”, disse.
Além disso, outro ponto negativo do ensino a distância é a perda de outras vivências acadêmicas, como a vida universitária, por exemplo. “Há outras coisas que acontecem num espaço de ensino superior e que vão além da sala de aula. As aprendizagens não se restringem ao momento de ensino.”
Mas, mesmo assim, ela acredita no relacionamento pessoal à distância. “Engana-se quem pensa que à distância não existe o calor, o relacionamento pessoal. À distância, você pode conhecer muito bem uma pessoa sem nunca ter visto. Você pode estabelecer relações de amizade duradouras e fortes dessa maneira”, defende.
Profissional
“A educação a distância não vai tirar o emprego do professor”, afirma Teresa. Ela explica que, pelo contrário, até são necessários mais profissionais de educação envolvidos. Apesar da falta de estrutura física, a estrutura humana precisa ser maior para o ensino ser bem feito. “A educação a distância séria tem uma equipe muito maior que a disciplina presencial, inclusive com grupos multidisciplinares, como profissionais de Tecnologia da Informação, que precisam estar afinados.”
Estudante
De acordo com Teresa, o curso à distância depende mais do aluno que o presencial, por cobrar uma disciplina maior do estudante. “Flexibiliza tempo e espaço, mas exige uma disciplina de participação que precisa ser muito rígida. E entender que, mesmo distante, ele não pode deixar para depois, ele precisa estar o tempo todo ligado. Para o estudante, a modalidade também é novidade.”
As pessoas que mais se interessam pela modalidade são as que não possuem outras possibilidades no tempo ou no espaço. “Você pode imaginar até aquele estudante que está na Amazônia, distante de um centro que tenha uma universidade, como aquele que mora em São Paulo, mas não tem tempo para poder cursar uma graduação presencial. O perfil do estudante é bastante variado e também está sendo construído para entender as dificuldades da participação de um curso presencial”, afirma.
Solução
Teresa defende uma modalidade híbrida e bem estruturada como ideal para o ensino a distância. “Os cursos semipresenciais, com encontros presenciais e parte à distância são uma solução”, diz.
A massificação também compromete qualquer tipo de curso, de acordo com ela. Por isso, o ideal é que os cursos tenham no máximo 25 alunos por tutor. “A educação não pode ser uma estrutura de massa. No entanto, algumas instituições não trabalham assim porque barateia o custo quando coloca 100, 120 alunos sobre responsabilidade de um profissional. Isso não é educação séria, mas não é nem presencial nem à distância”.
Apesar de todas as qualidades dos cursos à distância, Teresa destaca que ainda há questões a serem analisadas. “Existem questões a se debater. O que dá para fazer à distância? Você consultaria um médico que fez uma faculdade à distância? Há limites no processo e é preciso pensar neles.”
Devido às discussões que ainda gera, a modalidade de ensino à distância, para Teresa, não deve ser tão elogiada nem criticada demais. “Depende de muito conhecimento, muito estudo, muita técnica e muita sensibilidade. Por isso, não se pode satanizar o EAD e nem simplificar e louvar demais. Ele não é o salvador da pátria, assim como as tecnologias digitais não são as salvadoras da educação. Elas podem ajudar, mas se eu não pensar como usá-las, não vão adiantar em nada”, finaliza.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Educação a distância para melhorar cursos de Direito?

Recentemente, o renomado jurista Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade Mackenzie, de São Paulo, afirmou em entrevista ao Terra: "para reverter os baixos índices de aprovação no Exame de Ordem é preciso incentivar os cursos a distância. A demanda pelo Direito não vai reduzir, então não adianta só cortar as vagas, é importante garantir a qualidade".

Mas, será que um dia a OAB vai liberar os cursos de direito a distância, ainda mais com a crise no Exame de Ordem? Será que o EaD de hoje, oferecido nos cursos preparatórios, já não está fazendo mais do que se possa imaginar?

ANATED consegue liminar para cessar campanha pejorativa que ataca a EaD

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Nossa missão é elevar a qualidade da educação, por meio da ação direta do tutor, na qual temos a certeza que a excelência deste processo passa por nossas mãos. Mas, antes disso, temos que estar em defesa da educação a distância e de todos que nela laboram e se dedicam, fazendo o seu melhor, em especial, os nossos alunos, que neste caso, estavam sendo muito prejudicados. Porém, não é o simples defender por defender e ponto final! Quando se pensa desta forma, inevitavelmente caímos em deslizes, sem que percebamos as falhas e fragilidades que muitas vezes está a um palmo do nosso nariz, sem sequer percebemos.

Afirmamos isso porque queremos estar lado a lado das instituições que apresentem, de maneira séria, consistente e responsável, propostas de melhorias para o nosso sistema educacional, seja ele presencial ou a distância. Mas você deve estar se perguntando agora: aonde estamos querendo chegar? E a resposta é simples: na campanha promovida pelo conjunto CFESS, cujo slogan é “Educação não é fast-food – Diga não à graduação em serviço social a distância”. Muito bem, sobre este assunto a ANATED já conseguiu uma liminar na Justiça Federal, deferida no último dia 28/07, que determinou a cessação e o recolhimento de todo material promocional e que deverá ser cumprida nos próximos dias.

Excessos a parte da referida campanha (entende-se por excessos: vídeos, material gráfico e spot de rádio com falsas informações), se fizermos uma análise de alguns dos pareceres técnicos emitidos pelo CFESS, veremos que existem críticas construtivas que devem ser acolhidas pelos órgãos fiscalizadores (Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior) e pelas demais entidades ligadas ao setor. Inclusive, algumas delas favorecem a nós próprios, os tutores, que merecem mais respeito no exercício de suas funções. Porém, o que jamais iremos aceitar é que alguém, seja quem for, se utilize de maneira escarnecedora, que segundo o dicionário significa ridicularizar, zombar, mofar, fazer pouco de tutores (profissionais em geral da EaD) e alunos, pelo simples fato de "querer chamar a atenção" para o problema educacional brasileiro. Ora, porque não falar do todo, ao invés de apenas boicotar a EaD? Problemas existem em todos os lugares, mas, francamente, você acha esse "excesso" responsável e correto, ainda mais partindo dessa entidade? Veja como entendeu o juiz federal, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas, que apreciou o pedido liminar formulado pela ANATED, quando se deparou com o material juntado nos autos do processo: "As ilustrações em que – tutor não assistente social – prova virtual – estágio sem supervisão – aparecem, respectivamente, em embalagens de batata fritas, sanduíche e refrigerante escarnecem do serviço e de seus consumidores." E continua sua fundamentação, afirmando que: "O conteúdo em som, reproduzido à fl. 05, e vídeos (fl. 32), têm caráter altamente pejorativo ao ensino a distância em serviço social, abusando da simples crítica à qualidade daquele método. E expõem os consumidores deste método ao ridículo, tratando-os como pessoas de pouca inteligência e discernimento."

Só mais uma coisa que precisamos deixar muito claro: longe de nós querer restringir o direito à liberdade de manifestação do pensamento e da expressão, direitos esses consagrados em nossa Constituição Federal! Apenas temos que lembrar que o mesmo dispositivo legal assegura o direito de resposta proporcional ao agravo e a indenização por dano material, moral ou à imagem (artigo 5º, IV, V e IX). Assim, como bem pontua o juiz em sua decisão, “a Constituição Federal reprime os abusos da liberdade da manifestação do pensamento ou de expressão da atividade de comunicação, da qual a propaganda comercial é espécie”.

Ao finalizar, queremos deixar uma mensagem de apoio aos nossos tutores, os quais são verdadeiros heróis, pelos quais passaram por momentos difíceis diante da veiculação desta campanha. Com trabalho sério e comprometimento os resultados aparecem. E o que dizer então para os nossos alunos, que injustamente se depararam com esta situação embaraçosa, de modo desrespeitoso e desnecessário? Sobre este assunto, veja o que consta no site da Associação Brasileira dos Estudantes de EAD (ABE-EAD): "Em Porto Velho, muitos alunos estão sendo rejeitados para o estágio supervisionado. Ou seja, mesmo o curso estando totalmente legalizado junto ao Ministério da Educação – MEC, alunos EAD sofrem com o boicote por parte de alguns profissionais, se é que podemos chamar essas pessoas de profissionais". Sem palavras... Portanto, neste momento pedimos o seu apoio e que sejamos todos uníssonos em defesa da educação a distância, com qualidade e sem discriminação.

Você que acompanha a ANATED continue seguindo o nosso BLOG. Estaremos atualizando você na frente dos demais veículos de comunicação. Aproveite e poste o seu comentário.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Distância modifica paradigmas

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“O aluno tem de ser capaz de construir o edifício de seu próprio conhecimento”. Assim o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), Fredric Litto, define a mudança de foco que ocorre no ensino, fruto das alterações tecnológicas e de relações das últimas décadas. Segundo ele, estão com os dias contados as relações “prato feito”, nas quais os educadores oferecem uma quantidade limitada de informação que os alunos devem absorver. “Como a popularização da internet, essa lógica não tem como se manter. O aluno hoje busca um novo professor”.

Para o especialista, o aluno da EAD, apesar de beneficiado pelas facilidades temporais e geográficas, precisa ter mais motivação e disciplina do que o da modalidade presencial. “E preciso mais tempo para leitura e participação nas discussões online. A educação a distância também tem menor nível de flexibilidade em relação a prazos. O aluno não pode chorar para o professor”, lembra Litto.

Em condições, no entanto, não têm desanimado os estudantes: os níveis de abandono e evasão da modalidade a distância é bastante similares aos da presencial. O presidente da ABED afirma que o perfil de quem procura a EAD colabora para esse resultado: “São alunos mais maduros, que já trabalham e têm família. Não largam seus cursos, pois dependem deles para o futuro profissional”.

Para garantir que os esforços sejam recompensados pela instituição de ensino, Litto explica que os interessados precisam pesquisar a reputação dos cursos antes de se matricular, fazendo, se possível, experiências gratuitas. “O aluno deve exigir o máximo de sua escola, com especial atenção ao material ofertado, número de tutores e à qualidade dos exames.”

Fonte: Folha de São Paulo

Escolas aceleram a adoção de equipamentos digitais

Pueri Domus, Objetivo e Santa Cruz, por exemplo, passarão a usar tablets na virada para o segundo semestre

Revista Veja | 15/06/2011

Turma do ensino fundamental do Objetivo: 6.000 equipamentos para os alunos

Turma do ensino fundamental do Objetivo: 6.000 equipamentos para os alunos

Mario Rodrigues

Giz, lousa, cadernos e mochila recheada de livros. Em um futuro próximo (ninguém sabe precisar quando), esses itens poderão fazer parte do passado em uma série de escolas paulistanas. A aposentadoria desses materiais era uma coisa previsível desde que começaram a se popularizar por aqui equipamentos como os notebooks, mas agora essa substituição ganha velocidade. Na virada para o segundo semestre, ao menos três colégios adotarão tablets, como o iPad, da Apple, em algumas de suas turmas. O Pueri Domus, por exemplo, com quatro unidades na Grande São Paulo, distribuirá na volta às aulas esses computadores de mão a alunos do 1º ano do ensino médio. Eles usarão os aparelhos para fazer anotações, além de consultar edições digitais dos livros didáticos e de obras da literatura integrantes do currículo.

+ Crianças vivem uma overdose de tecnologia?
+ Conheça o aplicativo VEJA SÃO PAULO para crianças

O Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, está adaptando suas apostilas para essa mesma plataforma. No segundo semestre, um projeto piloto será implementado em classes do 3º, 4º, 7º e 8º anos do ensino fundamental. “Queremos analisar como será a dinâmica do aprendizado com essas inovações”, afirma Moisés Zylbersztjan, coordenador de ensino de informática e da biblioteca. Caso a experiência seja bem-sucedida, os aparelhos deverão entrar para a lista de compras de material escolar dos alunos em 2012 (há tablets a partir de 600 reais sendo oferecidos no mercado). O Objetivo, que tem doze endereços na cidade, comprou, de uma vez, 6.000 equipamentos, que usará como teste neste ano.

Mario Rodrigues

Dante Alighieri: uso de computadores a partir dos 3 anos de idade

Dante Alighieri: uso de computadores a partir dos 3 anos de idade

Cenas de crianças com notebooks e smartphones em cima das carteiras já entraram no cotidiano de determinadas escolas privadas, assim como lousas eletrônicas. Várias delas investiram na instalação de redes de internet sem fio para facilitar a vida de quem traz o equipamento de casa. Grifes da educação como Bandeirantes, Dante Alighieri e Rio Branco estão nessa lista. A proliferação da tecnologia as obriga a criar regras para o uso. A maioria proíbe deixar o celular ligado durante as atividades. Quando o professor passa a lição na velha lousa, em muitos casos é permitido fotografar o conteúdo com os aparelhos. Sempre, porém, confia-se desconfiando no compromisso dos alunos de não fugir para joguinhos, vídeos engraçados e notícias de futebol. “Fico sempre de olho”, diz o professor Eduardo Castro, que usa o Facebook para trocar textos com os alunos do Sidarta nas aulas de geografia. Um deles, Danilo Oliveira Vaz, de 16 anos, reconhece que é preciso ter muita disciplina. “Nem entro em páginas que não têm a ver com a matéria para não cair em tentação”, jura.

+ Alguns dos recursos já utilizados pelas escolas

Em um país de ensino tradicionalmente fraco em ciências exatas, o material didático digital facilita a compreensão ao transformar em ilustrações animadas e coloridas fenômenos de física ou equações trigonométricas, que dão sentido ao cálculo que se acaba de fazer. “Hoje, o aluno passa três horas numa equação sem entender o conceito do que está fazendo”, afirma José Armando Valente, pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp. Por outro lado, esse material didático acaba por reforçar o papel do docente em sala de aula, mas de forma diferente. Sai o estilo “eu falo e vocês escutam” e cresce sua atuação como tutor do aprendizado. “O professor tem de mobilizar informações e orientar o trabalho do aluno individualmente”, explica Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, da Faculdade de Educação da PUC-SP, que trabalha na formação de professores para o uso de tecnologias.

Se as vantagens sobre o didatismo são praticamente consensuais, certos pontos da inovação são controversos. Um deles: conforme os cadernos vão sendo menos usados, é possível abandonar o exercício da caligrafia? Pesquisas nos Estados Unidos, onde os tablets também começaram a chegar às aulas há pouco tempo, mostram que escrever a mão ajuda a criança a compor melhor o raciocínio — o ato de pegar o lápis ou a caneta e redigir ativa áreas do cérebro relacionadas à linguagem e à memória. Um trabalho de 2010 da Universidade de Washington mostrou que crianças que redigiram textos no papel escreveram mais palavras, em maior velocidade e com mais riqueza de ideias do que as que utilizaram um teclado. Além disso, os vestibulares brasileiros não dão sinais de que abandonarão tão cedo a escrita a mão em provas discursivas.

+ O mundo digital nas escolas públicas

Enquanto esses entraves não se resolvem, colégios como o Vértice, campeão paulista de desempenho no Enem em 2009, puxam o freio. Lá não se permite o uso de nenhum aparelho, e a punição para quem burla as regras e mexe no celular, por exemplo, é das antigas: o aluno é expulso da sala. “Claro que está no plano de discussão o uso dos tablets, mas não sabemos ainda se realmente vai fazer diferença no aprendizado”, pondera o diretor Adilson Garcia. As escolas que apostam no aparelho também não sabem o efeito das mudanças na nota final dos alunos. Mas, para elas, não deixa de ser um risco desperdiçar a oportunidade de tornar o aprendizado mais atraente.

Pesquisa revela que 7 milhões de brasileiros estudam via internet

O número de usuários de internet no Brasil ultrapassa 63 milhões, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e, 11% deles – o equivalente a quase 7 milhões de internautas – estudam ou já estudaram à distância pela web. É o que aponta um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Segundo o levantamento, dentre os brasileiros que fazem cursos on-line, 22% têm ensino superior, e 21% pertencem à classe A. Além disso, 12% deles são homens, e 10% são mulheres. A maior concentração de estudantes está na faixa de idade que vai de 25 a 34 anos (16%), o restante está bem distribuído entre os brasileiros de 16 a 44 anos.

A educação à distância vem conquistando cada vez mais adeptos no país. Prova disso é que nos últimos sete anos, a procura de alunos por esse modelo de estudos disparou mais de 2.000%, passando de 40,7 mil para 838,1 mil estudantes matriculados no período.

Fonte: band.com.br

Quem estuda a distância pensa diferente?

A comunicação.Da descoberta de Gutenberg, que introduziu a forma moderna de impressão dos livros, ao twitter, com uma produção textual de até 140 caracteres, o mundo demonstra que a sua comunicação a partir da escrita vem sendo cultivada de forma cada vez mais compacta. O texto volumoso e complexo deixou de ser o artista principal e nos tempos de hoje, ele se transformou em uma linguagem de suporte e aparece como ator coadjuvante em relação a imagem. No século XXI a imagem é a pedida da hora.

Quando decidimos que a escrita não seria nosso canal de comunicação e intercomunicação predileto também assumimos os efeitos, conscientes ou não, do caminho que decidimos tomar. As implicações estão aí para que não sejamos pegos como mentirosos. Via de regra, a maioria das pessoas tem dificuldade de traduzir seus sentimentos, de se expressar publicamente, a interpretação de textos técnicos ou de ficção é cada vez pior, ferramentas como feedback e avaliação 360° muitas vezes têm o retorno muito baixo em razão dos líderes terem grande dificuldade para efetuar a devolução com as palavras mais apropriadas. Se não exercitamos a escrita nosso vocabulário e domínio da linguagem é insuficiente e escassa. O resultado desse processo de pasteurização da escrita é que ou nos falta vocabulário, ou utilizamos palavras que não significam o que desejamos comunicar, ou ambos.

Podemos dizer com certeza que a escrita é uma linguagem que é produzida em grande parte através de analogias. O escritor, jornalista, a tese de TCC, o mestrado, estão sempre num contexto de alegorias e comparações, uma fabricação de imagens por meio da palavra. O universo que nos desafia é um universo digital. O mundo moderno do século XXI é 1 e 0, cheio e vazio. Mesmo multidimensional tudo se confecciona em cima de um binômio simples: sim e não. Assim é o funcionamento do computador e de todas as outras mídias contemporâneas. Foi esse mundo onde você faz parte ou não faz parte, é lento ou é hiper veloz, ama ou odeia, onde o caminho do meio se tornou uma exceção quem elegeu a imagem como a sua forma numero 1 para lidar com a sua comunicação.

A linguagem visual se forma na parte anterior do cérebro e ela é responsável em lembrar toda a nossa herança genética e história passada, já a linguagem escrita se instala na lateralidade do cérebro e se desencadeia do frontal esquerdo responsável pela razão. O que tanto de forma simbólica e biológica, quando elegemos a imagem como nosso principal canal de comunicação, estamos determinando um desejo profundo em nos perpetuar. Também é interessante lembrar que nomear a imagem como a janela para ampliar nossos horizontes revela um reencontro com a nossa ancestralidade: a linguagem visual é a primeira forma de expressão do ser humano, a mais original e arquetípica.

Levantadas essas considerações, a pergunta é se a mente que aprende por EAD pensa diferente a comunicação do que a presencial? A resposta é com certeza. Enquanto que uma mente que aprende presencialmente está muito mais ligada aos modelos, aos parâmetros e a questões que referenciam as suas práticas, a mente que aprende por EAD é a mente do futuro. O aluno do EAD vai ter muito mais facilidade nas questões multidimensionais, em transitar rapidamente de um modelo para outro modelo, pois o seu cérebro não se conforta na repetição. Arriscará mais e principalmente é uma mente muito mais convergente, pois como está profundamente vinculada à imagem, não ao modelo, o importante é a origem, não a chancela, o certificado. Soma-se a tudo isso a intimidade que as mentes que estudam por EAD têm em relação às novas tecnologias e ferramentas de informação. Habilidades e competências que desenvolvem a partir do seu próprio processo de aprendizagem por ensino a distância que utiliza desses equipamentos.

O Aluno de EAD está muito mais aberto para questões como virtualidade, interatividade, acreditar que longe não existe, investimento em idéias próprias e não em modelos pré-prontos, relacionamento por redes sociais e uma combinação muito intensa e efetiva em relação ao que fazer, quando fazer e como fazer, tão importantes para o pensar estratégico.

Um gesto de amor vale mais que mil palavras, o exemplo mais que mil conselhos, um desenho do filho é um beijo, a pomba secular passando na TV não precisa de uma palavra, sabemos que ela pede um mundo mais pacífico. A imagem é mais profunda, fala da nossa expressão inicial e talvez isso nesse momento, tão frágil e decisivo que toda a humanidade se encontra, seja o mais importante para todos nós. Entender a herança que nossos ancestrais nos deixaram para ter consciência de que herança nós deixaremos para as próximas gerações é o nosso ofício.

http://ogerente.com.br/rede/carreira/comunicacao-e-linguagem?utm_source=Rede+O+Gerente&utm_campaign=94da0afe2e-Rede_O_Gerente_08_04_2011&utm_medium=email